sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Elegia.


Calor molhado no meu corpo cansado.
Só me dê um motivo para Eu ficar parado
e pensar que todos os momentos falhos
se mostraram apenas devaneios alados.
Deixo que meu espírito singelo e calado
subtraia todo o tormento empilhado
de meus caminhos turvos, porém traçados.

Desejo que toda a virtude memorável
não se torne uma existência inviável.
Nega, diante de minha face imutável
que toda esperança, um dia, palpável
se tornou uma lembrança reciclável
em meio a todas as histórias vividas.

Peço, como ultima imagem descrita,
as virtudes antes nunca merecidas
e as alegrias quase sempre suprimidas,
para que no momento da minha partida
estejam cicatrizadas as minhas feridas,
e as dores, por fim, esquecidas...

Desapego.


Me apego ao teu fracasso
de cara nova e tempo velho,
pois tudo teu que carrego
está caindo aos pedaços.

Mas antes desfaço os laços
que me atam ao teu viver.
Não há nada aqui para crer,
só rancor entre descasos.

Arrasto por aí os frangalhos
da história por nós escrita
sobre sombras permanentes.

Se por ventura meu amargo
levantar uma dor infinita,
que esta seja a tua corrente.


Ébrio Amanhecer.


Nasce a flor celeste
pela loucura que desce
da aurora nada terrestre.

O fluxo se repete
desejando ser mestre
numa virtude em peste.

A calma se enfurece
no limiar da espécie,
esquecendo o que se perde.

A lua se despede
na madrugada que adoece
pela luz indesejada que aparece.

Meu dia anoitece,
minha alma escurece,
meu amor, então, padece.