Penso, logo desisto.
Me entrego ao mundo
feito de novidades súbitas,
de sentimentos fúnebres,
de pensamentos de ontem.
Com meus pés de chumbo,
me arrasto pelos becos úmidos
em busca de uma nova verdade,
sem sentido, sem vontade.
Caio em um berço nocivo
desejando por um abrigo
com paredes ilusórias
e teto despedaçado.
Atirado aos bocados
e sobrando nos cantos.
Repito a mesma anedota
à espera de um sorriso,
mesmo que seja cínico.
Longe de mim e de todos,
definho a minha natureza
a fim de construir uma beleza
plástica e suportável a olhos nulos,
retrato da mais pura incerteza.
Termino, então, meus dias ordinários
descartável e desumano.