O cinza dos meus olhos se perde
no preto e branco da cidade em sonho.
Assisto, passivamente, o mundo viver.
Uma harmonia entre angústia e prazer
me toma a mente, me tira o sono,
me faz desejar ser o que não se é.
A poeira da janela chega as minhas
narinas carentes como se tudo fosse,
nessa rotina inevitável por opção.
E nesse conto de fadas barato,
meu príncipe encantado é um cigarro,
que enche meus pulmões de êxtase
a cada tragada. Meu amante Whisky
só encontro nas noites frias, que pena.
Deixar a masmorra que Eu mesmo criei
não é uma tarefa tão simples...
Meu mundo é um cinzeiro.
Deposito a matéria morta da vida
que traguei junto aos goles que bebi.
Deito em minha cama vazia e desejo
por alguns instantes aliviar minha libido
com pensamentos sujos de uma madruga
de sexta-feira em um quarto escuro.
Sangue quente e suor frio. Vertigem.
Corpo e alma dilacerados. Um pouco de blues
e suicídio a cada crepúsculo anunciado.
Nada é sempre tudo, e tudo já é o bastante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário