sexta-feira, 23 de abril de 2010

Paráfrase.


Me tenha como parte, e não como todo.

Sou apenas o que precisas, ou abominas,

em alguns momentos de fraqueza.

Prezo pela beleza plástica e permanente,

imutável, como pensamentos num abismo

de saber nocivo, manipulável...


Sem controle da própria existência,

cultivo a lucidez das palavras

de alto escalão, refletindo a imagem

frágil de um ser em meio à solidão,

projetando-me ansiosamente

sobre desejos nebulosos.


Em um retiro de moribundos

apresentáveis, ostento a sabedoria

de terceiros, imperando meu orgulho

degradável em desagradável

harmonia com os gritos que ecoam

na minha mente insana e fria.


Uma paráfrase sem sentido,

relato vão, vazio, decaído.

Deixo-me guiar por sombras

mais espessas, na ilusão de poder,

algum dia, encontrar-me nelas

e não me culpar repentinamente

por faltar-me um rosto, uma identidade...


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