Me tenha como parte, e não como todo.
Sou apenas o que precisas, ou abominas,
em alguns momentos de fraqueza.
Prezo pela beleza plástica e permanente,
imutável, como pensamentos num abismo
de saber nocivo, manipulável...
Sem controle da própria existência,
cultivo a lucidez das palavras
de alto escalão, refletindo a imagem
frágil de um ser em meio à solidão,
projetando-me ansiosamente
sobre desejos nebulosos.
Em um retiro de moribundos
apresentáveis, ostento a sabedoria
de terceiros, imperando meu orgulho
degradável em desagradável
harmonia com os gritos que ecoam
na minha mente insana e fria.
Uma paráfrase sem sentido,
relato vão, vazio, decaído.
Deixo-me guiar por sombras
mais espessas, na ilusão de poder,
algum dia, encontrar-me nelas
e não me culpar repentinamente
por faltar-me um rosto, uma identidade...
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