quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ode aos Aventurados.

Que o dia vire noite, com canções silenciosas,

onde só os ouvidos mais versáteis possam

escutar as pulsações dos corações agudos.


Que meu corpo seja sempre abrigo fiel

contra o escárnio gratuito oriundo

da cavala disfarçada de cordeiro.


Que minhas pernas sempre estejam vigorosas,

levando-me aos mais belos cumes

e as mais belas vistas que a existência cultiva.


Que os ventos soprem minha face úmida

e seque as lágrimas que a vida trouxe

para lubrificar meus olhos e minha alma.


Que voz rouca sussurrando em meu ouvido

não deseje uma voz macia, dotada de artifícios

ansiosos por uma mesmice efêmera .


Que meu sangue mantenha-se quente

esperando o frio das noites amargas e escuras

dos devaneios mundanos e pseudo-carnais.


Que minha mente esteja aberta às surpresas

esperadas, mesmo que, por um instante vazio,

eu me esqueça das profecias mal esclarecidas.


Que a mesmice paire sobre os seres ocos,

pois estes não merecem as pernas que tem,

por locomoverem-se sobre as rodas que o egoísmo talhou.


Que minha caminhada não seja nula

perante a olhos famintos e salivantes,

cegos em sua desgraça precoce.


Que minha necessidade me mantenha de pé

frente as maiores desventuras nascentes

e demonstre toda a virtude remanescente...


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